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9º Prémio José Melo

Francisco Carvalho

Armazém 8 atribui o 9º Prémio José Melo - Coragem de Ficar a Francisco Carvalho

A sala estava repleta de gente, ficaram alguns do lado de fora da porta até, quando o Armazém 8 homenageou mais um artista com o Prémio José Melo – “Coragem de ficar” com uma surpreendente e carinhosa entrega a Francisco Carvalho, ilustre músico residente em Évora.A noite foi longa e a surpresa de Francisco Carvalho foi grande “fiquei sem palavras, não estava nada à espera, não fazia a mínima ideia que o prémio era para mim, quando iniciaram o vídeo em minha homenagem, fique tão surpreso que nem conseguia acreditar. Durante a cerimónia fiquei muito emocionado. Eu conhecia bem o José Melo. com quem eu toquei e pisei vários palcos e ainda por cima o prémio tem o nome dele. Nesta noite estavam também muitas pessoas que também pisam os palcos comigo, por isso, foi uma noite muito agradável”. Homem da música, veio para Évora com 3 anos e, hoje, com 68 anos por aqui se mantém. Francisco Carvalho escolheu ficar e acontecer no Alentejo e, por isso, foi premiado.  “É preciso coragem para ficar”, explica o músico, ” e eu tive oportunidade para ir para Orquestra Ligeira do Exército em Lisboa, mas tinha a minha atividade toda aqui, os meus amigos, a música e, apesar de ser penalizado, fiquei. E não me arrependi. Corri o mundo todo através da música. Nem em sonhos pensei em ir a certos sítios, como o Japão, Canadá, Coreia do Sul, Brasil.”Lurdes Nobre explica que “o Prémio José Melo – Coragem de Ficar realiza este ano a sua 9º edição e pretende homenagear os artistas que, corajosamente, permaneceram nesta região do país, a maior e mais agreste, que não se realça pelas grandes oportunidades ou apoios, pelo contrário. Ficar exige coragem pela necessidade constante de ter que se lutar para manter a arte que se pratica e fazer frente às agruras e faltas de apoio que tanto caracterizam esta terra, por isso sim, é preciso premiar quem fica e realçar a sua coragem que nos faz também acreditar que ficando também conseguimos alcançar alguma coisa, apesar de tudo, mesmo que se abdique de outras coisas por não abandonarmos esta terra. Foi unânime, portanto, que Francisco Carvalho fosse o homenageado deste ano. Homem da música, desde sempre, professor de centenas de alunos, fundador da Escola Acorde em Évora, tocador de viola que pisou os palcos do mundo, que podia ter partido e ficou, escolheu ficar em Évora. Entendemos que merecia uma justa homenagem”.Ao longo da noite decorreu também a inauguração da exposição de escultura em madeira de Fernando Costa, engenheiro de formação, músico nas horas vagas e escultor. Raízes e restos de árvores são a sua matéria prima. É a madeira que lhe dá o mote para a construção e o faz criar objetos mais ou menos comuns conforme a imaginação lhe pede. Fernando Costa foi também autor do prémio entregue ao homenageado deste ano. As Boina Cantary entraram com o primeiro espetáculo musical da noite. Um grupo de oito mulheres que, durante a pandemia, se juntaram no Armazém 8 para cantar à alentejana. Admiradoras e apaixonadas pelo cante, pegaram no seu repertório e, com todo o respeito e esmero, apresentam-no adaptado às suas vozes com nuances urbanas, já que não são alentejanas e não têm raiz rural.  A noite terminou com Edgar Baleizão, que trouxe fados do repertório tradicional e fez-se acompanhar ao acordeão nas músicas mais populares.NotasFERNANDO COSTA (FC) nasceu em Vilar de Figos, Barcelos, em 1953. Nascido no seio de uma família de artesãos populares, cedo se habituou a conviver com fusos, rocas e espadelas para trabalhar o linho, finamente criados por seu pai com recurso a ferramentas rudimentares. Contudo, foi na área da produção mecânica que desenvolveu o seu percurso profissional. Aquando da passagem à reforma, redescobriu o prazer do trabalho da madeira, de forma espontânea, quando começou a esculpir manualmente raízes e ramos de árvores que recolhia nos campos ou recebia de amigos. No seu processo criativo, nenhuma peça apresenta um conceito pré-definido. A inspiração e as formas vão surgindo à medida que o trabalho decorre, sendo a surpresa parte do resultado final. Fernando Costa foi o autor do prémio, em formato de escultura, entregue este ano a Francisco Carvalho.

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